sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Um problema central


Nesta pré-época tão especial e importante (por tantas razões) para o Sporting Clube de Portugal foi com estranheza que constatei que os responsáveis pelo futebol leonino voltavam a despender os poucos fundos disponíveis na contratação de um defesa central.
Entre 2010 e 2013 foram contratados pelo Sporting para jogar a central: Torsiglieri, Nuno André Coelho, Mexer, Rodriguez, Onyewu, Xandão, Boulahrouz, Rojo e, agora, Maurício. 9 centrais em 3 anos, isto não contando com jogadores promovidos dos juniores que já representaram a equipa principal leonina nessa posição (Pedro Mendes, Reis, Ilori, Dier, Fokobo – só na época passada). Em poucas posições numa equipa de futebol é tão importante o entrosamento entre dois jogadores como no caso dos defesas centrais. Encontrar a química certa, o equilíbrio de atributos ideal para formar uma boa dupla, é essencial para o sucesso de qualquer equipa independentemente dos objetivos pelos quais esta luta. Parece-me por demais evidente que um dos principais problemas do Sporting tem passado por esta questão central.
Compreendo, de facto, que tem de ser encontrada uma solução a longo prazo e, claro, cada um terá as suas ideias acerca de qual será essa solução. A crise diretiva e técnica do clube conduziu a que muitas pessoas diferentes, com projetos diferentes, passassem pelo clube e tentassem moldar a equipa à sua imagem. Mas o verdadeiro desafio estará em encontrar a fórmula certa sem começar tudo do zero de cada vez que se tenta fazer isso.
E é aí que entra a minha estranheza com algumas das decisões tomadas concretamente na última pré-época e agora nesta. Em 2011/12 o Sporting terminou a época com a 2ª defesa menos batida do campeonato. Nesse ano, a dupla mais utilizada e de maior sucesso foi composta por Polga e Onyewu, e eu gostava de me centrar no norte-americano por um momento. Onyewu não será o melhor central do mundo, nem de perto nem de longe, no entanto julgo que será inegável que o seu trabalho na época que fez pelo Sporting foi muito positivo. Marcou 5 golos em 31 jogos que disputou e desses, o Sporting venceu 17, empatou 7 e perdeu 7. Com Onyewu em campo (2114 minutos) o Sporting sofreu 22 golos, o que dá 1 golo a cada 96 minutos. Claro que isto são só números, mas não deixam de ser bons números. Mas mais importante do que isso é que foi um jogador que influenciou positivamente a equipa dentro e fora do campo. Foi um líder no melhor período do Sporting dessa época, fora das quatro linhas mostrou-se sempre um homem com tremendo caráter e dentro do campo trazia ao Sporting algo que faltava e muito: força e poderio aéreo. Nunca percebi o que levou a que, depois dessa temporada, claramente bem-sucedida, o Sporting o dispensasse sem lhe dar a mínima hipótese na pré-época seguinte. E mesmo nessa dispensa, Onyewu mostrou-se um homem que respeitava o clube. Nunca se juntou às vozes críticas, não aproveitou o facto de já não estar a jogar no Sporting para criticar treinadores antigos ou o clube. Passou a época a tentar fazer o seu trabalho no Málaga (jogando muito pouco, é certo) e sem levantar ondas. Esta época volto a vê-lo na lista de dispensas. Sem sequer ter uma hipótese de se treinar às ordens de Leonardo Jardim. Entretanto, nos jogos de preparação.
Acredito que a solução para o problema central do Sporting está na aposta em 2 jogadores jovens que já mostraram ter grande talento e margem de progressão e respeitarem a instituição que é o Sporting: Nuno Reis e Eric Dier, e acredito que a melhor forma de fazer com que estes jogadores evoluam como se espera é ter Oguchi Onyewu a trabalhar com eles.
Acredito que o Onyewu fez por merecer, no mínimo, a oportunidade de lutar por um lugar, e penso que seria importante para o Sporting perceber que tem de formar não só jogadores, mas seres-humanos – Onyewu parece-me um modelo muito bom para ambos. A questão é financeira? É o salário do jogador? Então eu pergunto o seguinte: ele ganha assim tanto mais do que o Rojo? O Rojo não tem mais mercado do que ele? Então a melhor solução financeiramente falando não seria vender o Rojo e manter o Onyewu? Julgo que sim, e a meu ver, desportivamente também seria uma melhor solução…

4 comentários:

Anónimo disse...

Pagas tu o ordenado?

Filipe

Anónimo disse...

Caro Filipe!

Não sabendo se és ou não sportinguista, mas partindo do pressuposto que és (não vejo outro motivo para o facto de estares aqui) diz-me se tu ou outro sportinguista que pague as suas quotas, não paga os salários dos jogadores? E se assim é, tanto pagas o salário do Onyewu como o do Rojo, ou qualquer outro. E sendo assim, temos de ver a relação custo-benefício. E tenho a mesma opinião: o Onyewu é claramente melhor, e com possibilidade, tal como é dito, de passar para os mais novos alguns valores que, creio, o Rojo não os possuir. Mas esta é apenas a minha opinião.

Jorge

ricleo64 disse...

Concordo plenamente o Rojo não tem classe como central para jogar no Sporting.

Héber disse...

Falando em salários, temos Pranjic, Evaldo, Elias e Bojinov para despachar. Esses salários dariam para uns poucos de Onyewus