quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Justifica-se tantas indefinições em plena competição?

 
Numa altura em que as competições oficiais já arrancaram, muitos têm dito que falta apenas a entrada de um ponta de lança para que se feche o plantel do Sporting para atacar a época 2012/2013.
No entanto após o que tenho observado desde que arrancaram os trabalhos de pré-época, as dúvidas que tenho sobre este Sporting são mais que muitas, pois identifico uma série de indefinições na composição do plantel, e a sensação que me dá é que nem Sá Pinto, Carlos Freitas e Luís Duque, sabem bem com quem vão contar após o fecho das inscrições a 31 de Agosto. Não me parece por acaso aquela declaração de Sá Pinto em que diz que seria benéfico o fecho do mercado antes do arranque das competições, tendo soado mais a desabafo do que a outra coisa.
As contratações feitas até agora visaram dotar o plantel de mais e melhores opções, aumentando a concorrência interna face ao que foi a época passada, de tal forma que neste momento não nos será possível apostar num 11 base para toda a época, pois havendo uma quebra de forma de um titular, há um suplente à espreita, com condições de o substituir sem que a equipa se ressinta. Isto é claramente positivo e há que reconhecer o mérito a quem de direito, mas como muitos têm feito questão de frisar, a posição de ponta de lança é excepção à regra!
Pelo 2º jogo consecutivo, Wolfswinkel será a única referência ofensiva nos convocados, não havendo quem o possa substituir em caso de lesão. Sendo esta uma posição tão importante, e se as outras, onde tínhamos mais soluções, foram reforçadas atempadamente, porquê tanta demora com esta? Com a experiência das últimas épocas, a resposta quase parece óbvia, não está previsto entrar mais ninguém! Tem sido um desespero até à meia noite de 31 de Agosto nestes últimos anos, apenas para constatar que ficamos com o que temos, e vamos ter de aguentar as consequências até Janeiro.
Dizendo isto até se pode pensar que não temos mais opções nos nossos quadros mas o ridículo é que temos pelo menos mais 4: Diego Rubio, Wilson Eduardo, Bojinov e Pongolle.

Rubio: precisa de ganhar mais experiência, e na equipa A jogará pouco, no entanto se não temos mais opções deveria nesta altura estar com os AA.
Wilson Eduardo: começo a não perceber a sua permanência no plantel, se não contou para estes 2 jogos, em que Viola (jogador com perfil mais semelhante) ainda não pôde jogar, dificilmente vai contar para o resto do campeonato, pelo que, embora na minha opinião seja um erro, mais vale que seja novamente emprestado. Só espero que não se venha a tornar noutro caso Varela.
Pongolle e Bojinov: estes dois julgo encontrarem-se na mesma situação, ambos não demonstraram aquilo que prometiam aquando da sua chegada ao Sporting, e como tal são dados como transferíveis. No entanto será que a melhor estratégia para transferir um activo, será colocá-lo à parte do restante plantel? O que diriam se Carlos Freitas fosse contratar (por vários milhões) um jogador nestas condições? - "Pois, se não serve nem para treinar com a equipa X, porque há-de servir para o Sporting?" - Os outros clubes não são parvos, e fazer-se-ão valer disso na hora de baixar o preço.

Entretanto chegou Viola. Ninguém sabe muito bem o que quererá Sá Pinto do argentino. Diz-se se que é avançado mas não ponta de lança, pois prefere jogar pelas alas, ou como 2º avançado.
Conclusão, Wolfswinkel continua sem concorrência. Gosto do holandês, o potencial para ser um ponta-de-lança de mão cheia está lá, mas falta-lhe calo, e a pressão das bancadas de Alvalade é enorme. O ano passado até não correu mal de todo, mas se não subir uns furos no aproveitamento das oportunidades de golo, o Tribunal vai-lhe cair em cima, pelo que é imperial a necessidade de entrar um goleador experiente. É verdade que iria retirar minutos de jogo a um miúdo em que se investiu bom dinheiro, e que se quer rentabilizar, mas ao mesmo tempo vai aliviar a pressão sobre ele dando-lhe espaço de manobra para o crescimento que se pretende. Seria uma questão de gerir bem, o tempo de jogo de ambos, e sendo Sá Pinto um ex-avançado, quem melhor para o fazer?
Nem seria assim tão mau, se as indefinições no plantel parassem por aqui, mas objectivo deste post é mesmo demonstrar que estas se estendem a todos os sectores, excluindo talvez a baliza, e laterais, senão vejamos:

Defesa
Temos 5 centrais, dos quais um terá de sair. O elo mais fraco, futebolísticamente falando, seria claramente Carriço, no entanto é também capitão de equipa, e já se percebeu que Sá Pinto não irá prescindir do português. Entre Onyewu e Xandão, dois centrais com características parecidas, o nosso treinador parece preferir o brasileiro. Contudo, assumindo que a dupla titular será Rojo e Boulahrouz, estará Xandão disposto na próxima época, a aceitar transferir-se a título definitivo para o Sporting, sabendo que vai continuar no banco? Ou estará Carriço interessado em renovar, após uma época sem jogar? Posto isto custa-me perceber a preferência por despachar Onyewu. Aceito o argumento de que é o que ganha mais, mas para além de ser melhor jogador, já é nosso, e não está em final de contrato. Vamos correr com o Americano, havendo o risco de ter de contratar dois novos centrais na próxima época? Ou será que, se vai finalmente apostar em jogadores como Nuno Reis, Pedro Mendes ou Eric Dier?

Meio-campo
Para o miolo contamos com Rinaudo, Gelson, Elias, Schaars, André Martins e Adrien, excluindo outros jogadores que também podem fazer a posição. Nos jogos de pré-época Sá Pinto tem procurado fazer de Andrien e André Martins um nº 10 que joga mais próximo do ponta de lança, à frente de um duplo pivot defensivo. Tem sido mais ou menos óbvio que não é tão subidos no terreno que se dão melhor, mas antes vindos mais de trás, participando mais activamente na transição ofensiva. Penso ser por aqui que começam os nossos problemas na finalização, pois demoramos muito tempo a chegar lá à frente, jogando de uma forma previsível e com pouca velocidade. Soluções? Não contanto já com Matias Fernandez, e não tendo informação suficiente para poder dizer que Labyad seja o 10 que Sá Pinto precisa, a primeira solução passará por inverter o triângulo de meio campo, com Rinaudo ou Gelson a ocupar o vértice mais recuado, com Schaars/Elias ou Adrien/Martins a formar os outros dois vértices da frente. Sim, regressávamos ao sistema de Domingos, mas porque podemos fazê-lo pois finalmente temos uma dupla de centrais, e uma alternativa a Rinaudo, que nos dão garantias. Não alinhando neste esquema, então temos excesso de médios com características semelhantes no plantel, e como tal andamos mais uma vez à nora com o que se pretende para o futebol do Sporting.

Alas
Aqui, embora à primeira vista pareça que estamos bem servidos, a indefinição não é menor. Capel e Carrillo são dois extraordinários jogadores, têm muito futebol naqueles pés, mas parece-me faltar-lhes a regularidade necessária para serem decisivos. São os artistas que entusiasmam as bancadas com alguns lances de magia, mas demasiadas vezes inconsequentes. Para serem jogadores de topo em todos os momentos de jogo, e como tal titulares indiscutíveis num candidato ao título, têm de melhorar muito tacticamente. Como alternativas, que transitam da época passado, temos Jeffren e Izmailov, que têm claramente outra classe face aos concorrentes, mas fisicamente roçam o miserável e contar com eles é um risco demasiado elevado. Jeffren tem estado irreconhecível nos jogos que fez, parece preso pelo medo que tem de se lesionar novamente, e Izmailov não fez ainda um único jogo.
Entraram ainda Pranjic e Labyad, que embora façam outras posições, foi na esquerda e na direita do meio campo/ataque que se notabilizaram nos seus anteriores clubes, e como tal não me espantaria se acabarem por ser as nossas asas na maioria dos jogos da época. Pranjic tem jogado a lateral esquerdo, mas na minha opinião será um perfeito desperdício, não aproveitar o talento do Croata e a raça de Ínsua no mesmo 11.
Resumindo, estamos neste momento com 6 jogadores para 2 posições, que podem ser 8, se contarmos Wilson e Viola.

Concluindo
Tendo em conta que os objectivos que Sá Pinto podia almejar quando pegou na equipa se limitavam à Liga Europa, e a uma final da Taça de Portugal, não deveríamos nesta altura ter a casa já arrumada e concentrada na competição? Portanto se não houve falta de tempo para preparar a temporada, como se explica toda esta "aura" de desorganização nesta fase da época?
Alguns poderão argumentar com o que se passa nos rivais, com casos semelhantes, mas com o mal dos outros posso eu bem. O que preocupa é o que de mal se vai fazendo no meu Clube ano após ano, para depois novamente se lamentar o não atingir dos objectivos. Se as lacunas são tão facilmente identificadas por qualquer espectador mais atento, porque se teima em não serem correcta e atempadamente corrigidas?

CR

1 comentário:

Héber disse...

Excelente post CR!