quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Leões de coração enorme!



É um Sporting como há muito não se via, aquele que Domingos Paciência está a conseguir moldar em Alvalade. O jogo de hoje, frente à Lazio de Roma - que não sendo o colosso de outros tempos, está longe de ser uma equipa vulgar - foi prova viva de que nós podemos e devemos sonhar este ano. Um Sporting de raça, destemido, aguerrido levou de vencida uma equipa italiana que jogou quase meio tempo com um homem a mais. Estão de parabéns, estes leões de enorme coração.
Este foi um daqueles jogos que mais satisfação dão aos treinadores. Ver a sua equipa reduzida a dez e continuar a bater-se de igual para igual é motivo de grande regozijo para Domingos. Mas vamos por partes. O jogo começou bem, de parte a parte. Os primeiros 15 minutos foram muito agradáveis de seguir. A iniciativa do jogo era naturalmente do Sporting, mas a Lazio, rápida nas transições, teve também um início prometedor. Pouco a pouco, no entanto, a nossa equipa foi-se acercando da baliza de Marchetti, muito graças às iniciativas de Capel e João Pereira pelos flancos. Até que surgiu a primeira explosão de alegria em Alvalade, quando, aos 20 minutos, Ricky Van Wolfswinkel desviou de forma subtil, com o calcanhar, uma bola centrada da esquerda por Capel. Estava feito o 1-0, e de forma espetacular.
A Lazio sentiu o golo e o Sporting poderia ter aproveitado para ampliar a vantagem. Notou-se nesta altura alguma falta de maturidade de alguns jogadores, em especial de Carrillo - o peruano é ainda lento a decidir, e muitas vezes escolhe a pior opção. E como quem não marca sofre, a Lazio empatou, aos 39 minutos. Klose, completamente contra a corrente do jogo, aproveitou uma falha coletiva da defesa verde e branca e fez o que sabe melhor.
Aproximava-se o intervalo, mas Insua decidiu que os seus colegas não desceriam para os balneários empatados. Já nos descontos, com um portentoso remate de fora da área, o lateral argentino fez levantar o estádio pela segunda vez. Mais um grande golo, daqueles que acontecem em grandes noites europeias. Dois jogos, dois golos de Ricky e Insúa.
A partida reatou sem o treinador da Lazio, Edy Reja, expulso ao intervalo, e sem Klose, substituido por Cissé. A ideia dos italianos era refrescar o ataque, mas a verdade é que o veterano alemão estava a ser o homem mais perigoso da Lazio. Ainda os jogadores tomavam o pulso à segunda parte e já Domingos era obrigado a fazer contas de cabeça e nós a olhar desesperadamente para o relógio... Insua, que tinha visto um cartão amarelo por pontapear a bola para longe após o seu golo, atingiu Gonzalez com o braço e foi tomar banho mais cedo, estavam jogados apenas 4 minutos. Como medida pôs-se em campo Evaldo, sacrificando Carrillo. Assistiu-se então a um Sporting transfigurado. Com menos um, a equipa que nos deliciou com jogadas de ataque - além dos flanqueadores, também Schaars tinha tido papel importante - transformou-se numa formação de luta, batalhadora por cada centímetro do campo. A iniciativa estava agora a cargo da Lazio, como era sua obrigação. A maior parte das jogadas eram, ainda assim, resolvidas pelo meio-campo do Sporting, onde um Rinaudo irrepreensível comandava as operações. A verdade é que os italianos esbanjaram nesta altura uma mão cheia de oportunidades de golo, valendo-nos a falta de pontaria de Cissé, Sculli e Rocchi, bem como a atenção de Rui Patrício e... a trave.  Ao ver os seus jogadores cada vez mais pressionados e a denotar algum cansaço (Van Wolfswinkel correu quilómetros esta noite), Domingos fez as trocas que se impunham, colocando André Santos e Carriço em jogo, para os lugares de Matias e Capel, dando mais coesão defensiva.
E o nosso Sporting lá aguentou a pressão até final, muito ajudado pelo público de Alvalade, que reconheceu o esforço dos jogadores e nunca parou de os incentivar. E no final de contas, obtemos uma vitória para preencher os indices de confiança e escancarar a porta para as eliminatórias.
+ Positivo
Van Wolfswinkel - Já é caso para dizer, Ricky Resolve! 5 jogos, 6 golos. Uma série impressionante que o holandês parece não querer ver terminada. Foi perdendo gás, na segunda parte, já com o Sporting reduzido a dez, ajudando mais a equipa a defender. Acabou o jogo completamente esgotado.
Insúa - Uma exibição agridoce. Foi o homem da vitória, mas também podia ter sido o causador da derrota, pese embora o critério algo exagerado do árbitro. Saiu Carrillo, entrou Evaldo, mas o flanco esquerdo nunca mais voltou a ser o mesmo.
Rinaudo - O argentino foi uma verdadeira muralha na zona central, anulando Hernanes e obrigando a Lazio a desviar-se para os flancos. Nas suas costas tinha Onyewu que cortava as bolas aéreas. Quando o Sporting ficou reduzido a dez, Rinaudo transformou-se numa verdadeira carraça.
Polga/Onyewu - Estiveram em bom nivel esta dupla improvisada. Polga pelo chão, Oguchi pelos ares, a ofensiva teve dificuldade em fazer passar a bola por eles. Uma e outra vez, Polga resolveu lances com toda a calma do mundo e saiu a jogar.
- Negativo
Carrillo - Não pode apostar tanto no individualismo. Não quando tinha João Pereira quase sempre bem posicionado para concluir da melhor maneira certas jogadas que poderiam ter dado em algo.

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