quarta-feira, 19 de março de 2014

William Carvalho, a qualidade da simplicidade


William Carvalho começou a época como um perfeito desconhecido. Recuperado da Bélgica, do Cercle de Brugge, onde atuava por empréstimo, tendo sido apresentado como uma alternativa válida a ser a sombra de “Fito” Rinaudo. Mas no futebol nem sempre o que parece é.
William ganhou o lugar ao argentino, e gradualmente foi recheando o jogo do Sporting de classe e simplicidade. Sim, essa simplicidade que arrepia no jogo do luso-angolano. A facilidade com que sai a jogar, com que recupera, limpa e distribui a bola, transformando um momento defensivo, momentaneamente num momento ofensivo. A qualidade como mesmo cercado de adversários, consegue sair com a bola controlada e de cabeça levantava, “lendo” o jogo e vendo onde será a melhor opção para rapidamente colocar a bola.
A disciplina com que joga. Mesmo atuando na posição 6, posição profícua a faltas, a cartões, uma posição que quase obriga a um jogo mais “sujo”, William aparece com um “Clean Player” nesse aspeto, fazendo as suas faltas estratégicas, mas optando quase sempre pela recuperação sem falta, não sendo muito de protestar com os árbitros, faz com que o jovem leão seja quase um jogador mudo que fala com os pés, com a sua qualidade de jogo.
Forte no passe curto e passe longo, forte a aparecer na área para criar superioridade, forte a recuperar a sua posição e no que é mais forte, no sentido posicional, quase “adivinhando” onde a bola vai cair, antecipando a movimentação do adversário, conseguindo ocupar a melhor zona para quando a bola vier no momento descendente, William já estar na melhor posição para a rececionar de forma orientada e logo de seguida jogar nas alas ou nos médios interiores. Tudo isto num jogador com apenas 21 anos!
William poderá ser o volte-face duma posição que durante décadas foi vista como a posição onde começava a defesa, onde o jogo adversário deveria ser destruído, entregando apenas a bola e não tendo critério para criar jogo a partir dessa posição. Wiliam é daqueles trincos que usam o cérebro, antes de usar os pés. Antes de a bola lhes chegar aos pés, o jogo já foi analisado, lido, medido até ao ínfimo pormenor, para que quando receber a bola, saiba exatamente onde deverá jogá-la. Um upgrade na posição que faz deste prodígio leonino um alvo muito apetecível aos tubarões europeus.
Se continuar a trabalhar com o profissionalismo que demonstra tão jovem, se mantiver esta postura educada e “Low profile” dentro de campo, sem arranjar grandes celeumas e se apanhar um treinador que continue a potenciar as suas qualidades como tem feito, e bem diga-se, Leonardo Jardim, poderemos estar perante um dos vultos na sua posição na próxima década! Até que patamar no futebol europeu poderá chegar este jovem formado em Alcochete?

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