segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Porto enjaulado, só Fabiano fugiu


Ironia dos destinos, logo na primeira jornada da fase de grupos da Taça da Liga, houve clássico. Sporting e FC Porto fecharam 2013 com um duelo sempre aguardado no futebol português, desta vez sem golos. Mas com intensidade e agitação. O jogo foi bem disputado, com intensidade, onde o Sporting acabou por ser mais forte e dominador, sobretudo na 2ª parte. Nota-se claramente que é uma equipa com processos de jogo mais assimilados do que o Porto e nesta partida colocou um grande coração em campo em todos os lances disputados até ao fim. Eu já previa que o nosso Sporting fosse colectivamente superior ao Porto, pois é capaz de introduzir rotinas de jogo com outro tipo de intensidade, a equipa articula-se de uma forma natural e consegue ter profundidade junto a área adversaria pela sua forma de jogar, mas não esperava tanto dominio. Vamos ao jogo!
Foram os visitantes os primeiros a criar perigo, por Ghilas, que cedo atirou por cima numa tentativa de "chapéu". O Porto começou melhor, numa primeira meia hora em que não se voltaram a ver oportunidades de golo, assistindo-se a um jogo repartido, com muita disputa a meio campo e com as defesas a levarem a melhor sobre os ataques. O nosso Sporting foi subindo de rendimento e criou situações perigosas até ao intervalo. A maior pertenceu a Wilson, que poderia ter aproveitado um de tantos passes errados de Herrera (o Sr. 8 milhões), mas Fabiano estava presente para uma bela defesa; Slimani, por duas vezes, e ainda Jefferson tentaram o golo, sem resultados práticos. Houve respostas, também elas algo tímidas, de Licá e novamente Ghilas. Um pouco mais "leão" no primeiro tempo, com um 0-0 aceitável.
Se na primeira meia hora da primeira parte quase não houve oportunidades de golo, no segundo tempo as equipas quiseram imitar o que tinham feito. Mais uma vez, muita bola no meio campo, sem críticas à entrega e atitude dos jogadores, mas faltava espetáculo; apenas Fernando, de cabeça, esteve perto de marcar de. O último quarto de hora foi diferente, sobretudo junto da área portista - numa altura em que Fernando já tinha saído, aparentemente devido a lesão. E Fabiano voltou a brilhar, já depois da boa defesa perante Wilson na primeira parte: na mesma jogada, o suplente habitual de Helton evitou que Carrillo, Montero e Cédric inaugurassem o marcador. Depois foi Vítor a tentar, mas Fabiano protagonizou nova grande defesa e manteve a baliza visitante fechada. Quem não chegou ao fim do encontro foi Carlos Eduardo, graças a um segundo cartão amarelo, em falta sobre Vítor. Tal como antes do intervalo, nestes últimos minutos o Sporting esteve mais perto de conseguir marcar - Vítor atirou pouco ao lado - mas não ultrapassou o último obstáculo e o FC Porto, ao terminar a partida com 10 elementos, segurou o empate a custo. A custo porque a exibição do Porto está á sombra de um enorme Fabiano Freitas que não se deixou enjaular nas garras do leão. Está tudo em aberto!
Destaques:
Adrien Silva - O meio campo foi todo dele, praticamente, com William na retaguarda. Adrien foi o jogador mais influente da partida. Na primeira parte, entrou na estratégia de pressionar o meio-campo do Porto. Fê-lo bem e ainda meteu Herrera em sarilhos grandes. Depois, bom, depois foi o Adrien 2013/14: um médio que enche grande parte do terreno, de área a área. Tanto recupera como distribui jogo, tanto entra em drible como joga de primeira. Um médio de eleição, um médio de seleção. 
William Carvalho - Na minha opinião ganhou o duelo com Fernando, outro monstro do meio campo. Já se lhe viu muita coisa boa em vários os jogos: e tudo isso voltou a ver-se na noite no clássico de Alvalade. Mas o que surpreende é a serenidade com que parece abordar o jogo. Tem uma calma olímpica, seja com a bola no pé, seja sem ela. E agressivo no melhor sentido do conceito. William Carvalho não é, porém, apenas um médio que sabe defender e afasta a pressão com um passe para o lado. Tem uma visão grande do jogo, percebe movimentos ofensivos e tem pé suficiente para colocar os colegas em situação de privilégio. Encheu aquele meio-campo com Adrien. A sua serenidade e simplicidade de processos é uma delícia para qualquer sportinguista.
Marcos Rojo - Provavelmente a sua melhor exibição de leão ao peito. Esteve em todo o lado na defesa parecia o Muro de Berlim a dividir os portistas de Marcelo Boeck. Impecável nas dobras, excelente na antecipação. O argentino está com grande confiança e tem se dado muito bem seja com Maurício seja com Eric Dier. Só faltou tentar o seu habitual remate do meio da rua!
Cédric Soares - Está um portento de jogador. Nota-se grande evolução na sua força muscular pois está mais forte no corpo-a-corpo. Combinou sempre bem com os seus colegas e teve iniciativas individuais notáveis. Chegou à linha de fundo e ainda tentou o golo. O jovem melhorou a olhos vistos, principalmente defensivamente.
Slimani - O argelino provou que pode ser titular e que não é por aí que perdemos qualidade no ataque. O avançado deu-se ao jogo, descendo ao meio-campo para receber e combinar com os colegas, e ainda incomodou a defesa do Porto com a sua presença na área. Podia ter marcado num lance aéreo.
Carrillo - Entrou no clássico a todo o gás. Até deu pena ver Danilo ser "papado". Disparado em corrida (como no lance em que depois de passar Danilo e Maicon viu Fabiano fechar-lhe a baliza), ou a executar passes de morte (Vitor falhou um golo feito), La Culebra deixou uma marca positiva na partida. Consiga Jardim ter no peruano o mesmo efeito que teve em Adrien e o Sporting tem em Carrillo o elemento que necessita para conquistar algo esta época. Se pudesse, incutia o Dragon Ball no Sporting e gerava uma fusão entre Carrillo e Wilson Eduardo. O que acham?

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