terça-feira, 13 de março de 2012

Vergonha? Não. Orgulho!

Por Vasco Palmeirim in Jornal Sporting
Já aqui escrevi que invejo a minha namorada. Não por causa das pernas dela (são bem bonitas, mas acho que as minhas também não são nada de deitar fora), mas porque ela é capaz de não sofrer pelo futebol. Ela é capaz de, simplesmente, "não ligar". Eu não sou assim.
Eu sofro e nunca deixo de acreditar. Por isso, tive que mandar para um certo sítio um colega meu que me disse, meio no gozo, na última 5a feira "Então, hoje sofres o primeiro golo aos quantos segundos?". Não tive filtro. Saiu-me logo um “vai para ******!”. Só depois pensei “E se um microfone estava ligado?” Não estava. Boa. Ainda tenho emprego. Ora bem: eu acredito sempre que o Sporting vai ganhar.

Seja em futebol, andebol, ténis de mesa, atletismo ou um velhote a jogar dominó nas mesinhas da Alameda D. Afonso Henriques (desde que ele seja do Sporting, claro). E tinha a certeza que era isso que ia acontecer contra o Manchester City. Eles têm dinheiro? De facto. Mas milhões de €€€ podem comprar jogadores, mas não compram raça, atitude, querer, vontade. E, caramba!, se houve tudo isso naquele fim de tarde. (Por falar nisso, senhores da UEFA, marcar um Sporting/Manchester City para as 18h é quase tão criminoso quanto pôr o Messi a lateral-direito). Vi uma equipa à imagem do treinador. A jogar, não de suspensórios (e um aplauso para essa opção fashion de Sá Pinto), mas com garra. Sem medo de nomes e com vontade de calar todos aqueles que falaram numa “possível vergonha” que podia resultar desta eliminatória. Vergonha, meus amigos? Não. Orgulho. Muito orgulho. E um casaco rasgado. [Aviso: não levar casacos compridos para o futebol. Podem prender-se nas cadeiras e se, por acaso, houver um golo do Sporting, podem rasgar. Se esse golo for de calcanhar, então rasgam de certeza. Mas esse golo vale muito mais que os 7,5€ que vou ter de pagar à costureira].

Adoro ver futebol. E confesso que gosto de notar nos pequenos pormenores no futebol. E a união que vi na 5ª feira, voltei a ver no Domingo. Mais do que os 5 golos, vi festejos no banco, uma policia que teve medo do penalty de Marat, beijos entre jogadores e um abraço de Sá Pinto a Jeffren capaz de pôr um calhau insensível com um sorriso. Por motivos profissionais, não pude ir ver o jogo ao vivo. Tive pena. Mas não sei se o meu casaco sobrevivia a 5 golos.

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