sexta-feira, 30 de março de 2012

Em vantagem para a Ucrânia

Sporting vs FC Metalist (ANTONIO COTRIM/LUSA)

Ontem foi mais uma grande noite europeia, como este Sporting nos tem bem habituado. Levamos para a Ucrânia uma vantagem preciosa e temos também a nosso favor o facto de o Metalist ter ficado sem centrais para a 2ª mão (Papa Gueye e Torsiglieri ficam de fora).
Foi logo nos primeiros minutos que se viu que rumo a partida ia tomar. O grupo visitante impunha um ritmo baixo, jogava com calma. Chegou a estar, literalmente, um minuto seguido a trocar a bola entre os seus defesas, ainda longe da linha do meio campo. O cenário tornou-se ainda pior do que este porque, aparentemente, o nosso Sporting ficou contagiado e também se mostrava uma equipa lenta, com vários passes mal realizados e erros defensivos que, com outros protagonistas do outro lado, poderiam ter causado estragos sérios.
O primeiro sinal de algum perigo surgiu após uma arrancada rápida de Cleiton Xavier, que assistiu Cristaldo, mas Polga impediu que a bola chegasse ao avançado do Metalist.
Ricardo Sá Pinto deveria estar a gostar tanto do que estava a ver que, aos 20 minutos, colocou Renato Neto, Jeffrén e Carrillo a aquecer. No mesmo instante Taison fez o primeiro remate do jogo, num livre que saiu ao lado. O primeiro remate à baliza apareceu apenas à passagem da meia hora. Uma tentativa de Daniel Carriço, de longe; a bola saiu com efeito, mas Goryainov controlou. O mesmo Goryainov errou ao largar a bola numa saída a um livre de Matías, mas Wolfswinkel falhou o remate na recarga.
De resto, era mais do mesmo: jogava-se devagar ou mais que isso, com uma dose considerável de aborrecimento. E, sem oportunidades claras de golo, seria difícil chegar ao intervalo sem o marcador registar 0-0.
Ricardo Sá Pinto deve ter colocado um leitor de DVD no balneário da equipa da casa, para os jogadores verem algumas das vitórias de Usain Bolt durante o intervalo pois  aparecemos na segunda parte com muito mais velocidade, num pendor mais ofensivo e cedo se conseguiu vantagem devido a essa mudança.
Aos 50 minutos o corredor esquerdo (bem mais perigoso que o setor direito) foi veloz, com Insúa e Capel a construírem uma jogada rápida e bem construída que terminou no golo inaugural, apontado por Izmailov, que encostou já na pequena área, respondendo à assistência do espanhol.
Logo a seguir Matías quase surpreendeu Goryainov num livre e, pouco depois, foi a vez de se assistir ao primeiro remate à baliza por parte da turma de Kharkiv; Cristaldo atirou à figura de Rui Patrício.
Na sequência de uma das diversas faltas de Gueye, aumentámos a vantagem. Depois do corredor esquerdo foi o pé esquerdo a funcionar. No caso dois pés esquerdos: Schaars deu o toque e Insúa "disparou", num remate rasteiro e bem colocado que estabeleceu o 2-0.
Naturalmente, a partir daí o Metalist procurou mais a área adversária e, tal como em Manchester, havia chegado a vez de Rui Patrício se destacar. O internacional português fez a primeira defesa complicada apenas aos 73 minutos, mas foi uma intervenção a dobrar: primeiro impediu que Taison marcasse e, na sequência do pontapé de canto, apareceu na pequena área "na cara" de Devic, tapou a baliza e salvou o conjunto português.
Ainda não era suficiente. Já dentro dos últimos dez minutos o Metalist construiu uma das suas melhores jogadas ofensivas, Sosa apareceu na área para marcar, mas Rui Patrício travou o percurso do adversário, com mérito.
Logo a seguir o perigo surgiu do outro lado. Foi Carrillo a "rasgar" a defesa contrária, assistindo Matías, que rematou à figura de Goryainov. Seria o último sinal ofensivo de registo da nossa parte.
Quando a maioria dos adeptos já dava como garantida a vantagem de dois golos, planos alterados. Rui Patrício voltou a fazer uma boa defesa, mas Devic apareceu sozinho para fazer a recarga; sem defesas por perto, o guarda-redes tentou chegar à bola e chegou só ao jogador. Grande penalidade, já no período de descontos, que Cleiton não desperdiçou. Foi o primeiro golo sofrido em Alvalade desde que Sá Pinto assumiu as rédeas.
O jogo terminou instantes depois, com uma vitória portuguesa e ao mesmo tempo um sabor amargo, com sensação de injustiça à mistura. Apesar da vantagem curta, mostrámos que somos superiores à formação ucraniana (ou argentina?) e deveremos confirmar o apuramento na próxima semana.
Emiliano Insúa -  Insúa teve participação direta nos dois golos. No primeiro tento recupera a bola no meio-campo defensivo, e mais à frente tabela com Capel, que cruza para a finalização de Izmailov. É depois o autor do segundo tento, na sequência de um livre indireto. Foi a quinta vez que marcou de leão ao peito, e curiosamente nunca festejou na Liga. Exibicionalmente, esteve como a equipa ao longo do jogo, na primeira parte não se arriscou muito, mas na segunga deu grande profundidade ao seu flanco com Capel.
Rui Patrício - Quatro defesas fantásticas, a adiar o golo do Metalist, que acabaria por acontecer por culpa de uma grande penalidade. O nosso guarda-redes estava a exibir-se a grande nível, uma vez mais, mas cometeu um erro que deixa um sabor amargo. Foi pena.
Daniel Carriço - Foi uma grande exibição do português que está cada vez mais confortável no papel de trinco. Destacou-se sobretudo no primeiro tempo, quando sentimos dificuldades para furar a defesa contrária, e acabou por se consentir vários contra-ataques. O nº3 não podia estar em todo o lado, mas resolveu várias situações eventualmente problemáticas. Apareceu também em situações de finalização, e por duas vezes tentou a sua sorte. Vai falhar a 2ª mão.
Xandão - O central brasileiro comandou uma vez mais a defesa. Polga cometeu alguns erros, mas Xandão mostrou-se sempre muito sólido. Rápido a reagir aos contra-ataques contrários, robusto nas situações que o exigiram, transmitiu confiança para a bancada. 
Capel/Izmailov/Matías - Tal como a equipa, no primeiro tempo "não se mostraram". Na segunda parte, deram aso aos seus talentos e foram os condutores do nosso jogo ofensivo. Capel sempre usando a sua velocidade fez uma assistência e ganhou muitas faltas; Izmailov esteve bem em coordenar o ataque e fruto da sua boa colocação marcou um golo; e Matías Fernández provocou vários desequilíbrios nos ucranianos e nele pudemos ver momentos de bom futebol.

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