quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Crónica Nacional 1 x 3 Sporting


Jogava-se muito do que será o futuro próximo do nosso clube na noite de ontem. Era a altura crucial para este conjunto de jogadores e equipa técnica dar um murro na mesa e mostrar que estão aqui para cortar com o passado recente e mostrar vontade de vencer títulos. Um derrota ontem e certamente estaríamos de volta à depressão generalizada das últimas épocas.
Felizmente não foi o que aconteceu, mas nem por isso entrámos bem no jogo. Ainda não tinham decorrido 2 minutos de jogo, e João Pereira numa perda de bola infantil a meio campo, podia ter originado o primeiro contra-ataque de perigo para a nossa baliza, mas Polga estava atento e conseguiu cortar o lance.
Volvidos 5 minutos nova falha, e após um bom arranque de Candeias pela direita, este cruza para a área, onde João Pereira mais uma vez desconcentrado, falha o corte desviando a bola na direcção da trave da nossa baliza. A bola sobra ainda para Mateus que tenta a recarga, mas Polga consegue novamente evitar males maiores.
Após estes sustos iniciais o Sporting serenou o seu jogo e equilibrou a partida, até que aos 17 minutos Van Wolfswinkel após desmarcação pelo flanco direito tenta o cruzamento que ressalta no defesa do Nacional, João Pereira desvia de cabeça para a entrada da área, onde após alguma confusão a bola sobra para Rinaudo que num remate de primeira do meio da rua, sem hipóteses para Vladan, faz o golo com a bola ainda a embater no poste.
Ao minuto 32 acontece o lance mais polémico da primeira parte. Matías Fernandez desmarca Carrillo pela esquerda que arranca para a baliza, com Capel a acompanhar a jogada pelo flanco contrário. Carrillo ainda consegue colocar em Capel que faz o golo, mas o árbitro auxiliar já tinha assinalado fora de jogo do peruano e o golo foi anulado.
É o típico lance em que as regras da UEFA dizem claramente que em caso de dúvida deve ser beneficiada a equipa que ataca. Curiosamente os árbitros em Portugal raramente têm dúvidas quando quem ataca é o Sporting, pois momentos mais tarde houve novo lance de difícil avaliação prontamente assinalado, em que Insúa se desmarca no limite do fora de jogo, embora dessa feita não desse em golo, pois o argentino atirou ao poste.


Na 2ª parte o Sporting entrou mais forte, e num canto aos 51 minutos, Xandão faz a sua primeira aparição atacante cabeceando por cima da baliza. Aos 55 novo lance polémico, que motivou muitos protestos por parte do Nacional, embora me pareça que a expulsão de Mario Rondon por acumulação de amarelos é inteiramente justa. O jogador faz uma falta por trás, e impede um contra-ataque, não poderia ver outra coisa que não o cartão amarelo.
Aos críticos, relembro apenas que Rinaudo não teve a sorte de ver o cartão amarelo da última vez que se cruzou com Bruno Paixão, e viu o vermelho directo por uma falta muito menos grave. Se o Nacional se pode queixar é unicamente da inconsciência do seu jogador ao fazer uma falta destas sabendo que já tinha visto um amarelo.
Aos 63 minutos mais uma daquelas falhas defensivas que tantos pontos nos tem custado. Claudemir lança um balão para a frente, e Diego Barcellos mais rápido que Polga, desvia de cabeça sem deixar a bola cair para o ângulo da baliza de Rui Patrício sem que este nada pudesse fazer.
É incrível como Polga, depois de já ter oferecido um golo ao Nacional na primeira mão continua a protagonizar lances destes. Um falha de concentração que não se percebe num jogador experiente, e que vinha a fazer uma exibição segura até este momento.
O resultado de 1-1 dava a passagem ao Nacional e obrigou o Sporting a correr atrás do resultado. Ao minuto 71 Domingos faz entrar Ribas para o lugar de Rinaudo, que tinha ficado tocado num lance disputado minutos antes, e acusava também já algum desgaste físico.
O risco assumido viria a dar os seus frutos quando Insúa, que avançara no terreno após a saída de Capel (entrou Evaldo para o seu lugar) entra na área, e consegue enganar Claudemir e conquistar um precioso penalty. Admito que houve inteligência por parte de Insúa para ganhar a falta, e ao mesmo tempo inocência de Claudemir ao agarrar o argentino, mas o futebol também é feito destas coisas, e a infracção é indiscutível, logo Pedro Proença não podia fazer outra coisa que não assinalar penalty. Wolfswinkel não facilitou e colocou o Sporting em vantagem na meia final, e o Nacional a ter de fazer dois golos para passar evitando o prolongamento.
Contudo a vantagem alcançada não poupou os adeptos aos já habituais calafrios e o Nacional ainda dispôs de mais duas oportunidades para marcar. Primeiro aos 82' numa bola lançada para a nossa área, Candeias desvia para Keita, na cara de Rui Patrício, e é Xandão que corta a bola no limite.
Aos 88' novamente Candeias, com mais um cruzamento perigoso, e que só não dá golo porque Keita chega ligeiramente atrasado. Aos 90'+2' novo lance em que a bola sobra para Mateus, que remata de primeira, e é Rui Patrício mais uma vez a mostrar serviço.
Finalmente aos 90'+4 quando já nos preparávamos para respirar de alívio, João Pereira decide premiar os adeptos com uma jogada individual em que deixou todos os adversários para trás e apareceu na cara do guarda-redes insular, picando a bola por cima deste e fazendo um golo de classe.


+ Rinaudo: comprámos alguns bons jogadores esta época, mas confesso que nenhum me enche as medidas como Rinaudo. A raça que empresta à equipa consegue automaticamente transformar o nosso jogo, tanto que nunca perdemos com ele em campo. Mereceu totalmente o golo de ontem, e nós merecemos tê-lo a 100% o resto da época.
+ Matías Fernandez: está a jogar e fazer jogar, ao nível em que terminou a época passada. A continuar assim será uma grande dor de cabeça para Domingos, escolher os 3 do meio campo quando Schaars regressar.
+ Xandão: embora sem deslumbrar, foi muito positiva a estreia do gigante brasileiro. O amarelo que viu aos 10' podia ter condicionado a sua exibição, mas não se atrapalhou com isso e mostrou sempre acerto na hora de defender. A atacar, em lances de bola parada, foi o que saltou mais alto por duas vezes, mas a pontaria não foi a melhor. Expectativa para vê-lo actuar ao lado do Capitão América.
- João Pereira: o excelente golo que marcou apenas disfarçou mais uma exibição marcada por erros defensivos, e algumas más decisões na hora de atacar, que deram em perda de bola para o adversário. A paragem no próximo jogo devido a castigo vem em boa hora, para testar outras soluções na lateral direita. Gostava de ver Arias pois ainda não o vimos jogar como defesa, mas é mais provável que Domingos opte por Pereirinha.
- Polga: não há equipa que sobreviva aos momentos de desconcentração/passividade total que Polga insiste em protagonizar sem razão aparente. Se não se admitem falhas destas em futebolistas de alta competição, muito menos se deve admitir a um jogador com a experiência do brasileiro. Felizmente desta feita não houve males maiores.
CR

2 comentários:

Anónimo disse...

Só para fazer um comentário a uma frase que é dita por todos mas que não faz sentido nenhum: Só existe uma situação nas leis de jogo que permite ao árbitro, quando tem dúvidas, marcar. Que é a de lançamento de linha lateral ou de fundo: O árbitro em caso de dúvida deverá dar a posse de bola à equipa que defende. Todas as outras situações de jogo, o árbitro só deverá marcar o quer que seja quando tiver certezas. Seja em fora de jogo, em penalidades, livres, etc. É claro que por consequência, em fora de jogo se o árbitro tiver dúvidas num fora de jogo deixa seguir a jogada mas isso acontece porque tem dúvidas e não porque é um fora de jogo. O aviso da FIFA vem apenas para confirmar o que já está nas leis de jogo e porque o fora de jogo, com a TV, passou a ser muito mais escrutinado. No entanto, não faz sentido falar desta maneira, porque o árbitro não marca nada se tiver dúvidas. Nem poderia ser de outra maneira, porque o dever dele é marcar o que aconteceu aos olhos dele (e dos auxiliares) e não o que pensa que poderá ter acontecido.

Héber disse...

Que excelente explicação amigo anónimo!