domingo, 10 de julho de 2011

Entrevista de Salomão ao CM


- O que o levou a aceitar o convite do Deportivo da Corunha?
- Em primeiro lugar, a história do clube. Cai bem a qualquer jogador representar uma equipa com o nome do Deportivo da Corunha. O projecto é de subida.
- O que é que uma experiência no estrangeiro lhe pode proporcionar?
- Uma vivência diferente, conhecer outro campeonato, adaptar-me a outra realidade e estar numa liga supercompetitiva.
- A imprensa espanhola diz que o Corunha vai ter mais sócios na II Divisão por causa dos reforços. Como se sente por isso?
- Orgulhoso. Fiquei impressionado porque no dia em que cheguei havia 1500 pessoas à espera para se fazerem sócios, apesar de o clube este ano ir jogar na II Divisão.
- De que forma encarou a decisão do Sporting?
- Com naturalidade e respeito. Carlos Freitas disse-me que estavam a pensar emprestar-me para ganhar mais ritmo competitivo e experiência e depois a Gestifute (do empresário Jorge Mendes), que me representa, falou-me da possibilidade do Corunha, que aceitei, apesar de haver mais interessados, entre eles clubes da I Liga portuguesa.
- Falou com Domingos?
- Não.
- Acha que ele já lhe perdoou o golo ao Sp. Braga de calcanhar?
- (risos) Espero que sim. Fiz a minha parte. Foi um golo que me marcou muito, com alguma sorte à mistura, mas intencional.
- Tinha mais para mostrar aos sócios e adeptos do Sporting?
- Acredito que sim e sentia que os sócios e adeptos gostavam de me ter visto mais tempo em campo. Mas o Sporting teve de agarrar o terceiro lugar e aí falou mais alto a experiência.
- Esperava ter tido mais oportunidades no Sporting?
- No início não mas no final da época devo dizer que sim, que esperava ter tido mais oportunidades. Se as coisas tivessem corrido bem à equipa, provavelmente seria mais fácil eu ter as minhas hipóteses de jogar. Infelizmente, o Sporting teve muitos altos e baixos.
- Do que vai sentir mais saudades?
- Dos adeptos do Sporting, da força que transmitiram à equipa e da capacidade que sempre mostraram para nos apoiar quando as coisas já não estavam bem. Senti muito apoio deles.
- Como foi representar um grande português?
- Uma honra. Lembro-me muito bem do primeiro jogo oficial em casa, frente ao Nacional (1-1) e do carinho que me transmitiram da bancada. Fiquei a dever-lhes um golo nesse jogo, num remate ao poste.
- Na época passada e em poucos dias, o Sporting aumentou a sua cláusula de rescisão para 30 milhões de euros e Paulo Sérgio elogiou-o publicamente. O que representou tudo isso?
- Senti-me orgulhoso e serviu para puxar ainda mais por mim. Contudo, nunca me deslumbrei, até porque sinto que tenho todo um percurso a fazer no futebol.
- É verdade que na formação teve um convite para jogar no Benfica?
- Que eu saiba, não.
- Fábio Coentrão também jogou na II Divisão em Espanha [Saragoça] e agora está no Real Madrid...
- Desejo-lhe desde já a melhor sorte. Claro que qualquer jogador gostaria de ter uma trajectória assim, mas não posso olhar muito para o lado, mas para mim. É evidente, porém, que chegar ao Real Madrid é um ponto muito alto na carreira de um jogador. Da minha parte, a concentração está no Deportivo.
- O que lhe disse Jorge Andrade sobre o Dep. Corunha?
- Aconselhou-me a ir e disse-me que a Corunha é uma cidade magnífica e que o clube oferece todas as condições para evoluir. Já jantei com o presidente Lendoiro e ele disse-me para me sentir à-vontade e jogar o meu futebol.
- Jogar na II Divisão espanhola pode ser encarado como um passo atrás para dar dois em frente?
- A minha ideia é sempre a de evoluir. Não penso que esteja a retroceder. Espero é que a experiência no estrangeiro sirva para dar mais passos em frente e para estar mais forte no final da época para, quem sabe, voltar ao Sporting.
- O que espera do Sporting na nova época?
- Que conquiste todas as provas em que está envolvido e que deixe os sócios e os adeptos felizes, pois eles merecem.
- É internacional sub-21. A Selecção A já está nos seus horizontes?
- Ainda é cedo. Não vivo com essa ideia no pensamento. As coisas vão acontecer como consequência do trabalho forte e de qualidade que espero fazer no Deportivo.
- Onde sente que tem de evoluir?
- O Sporting, na época passada, já fez um trabalho de reforço muscular comigo. Sinto que ainda tenho de evoluir na parte física e a exigência em Espanha, com cerca de 40 jogos por época, vai-me obrigar a estar no limite.
- Sentia-se com capacidade para fazer parte do plantel do Sporting nesta época?
- Sinto que tinha capacidade para estar no plantel, mas respeito as escolhas, até porque sei que querem o melhor para mim. Espero voltar mais forte ao Sporting.
- Continua fiel às suas raízes e ao Real Massamá. O que representam este clube e o Damaiense para si?
- As origens, sem esquecer o Estrela da Amadora. Com seis anos pedi aos meus pais para me inscreverem no Estrela, pois os amigos diziam que eu tinha talento. Foi aí que comecei a concretizar o meu sonho de sempre, ser profissional de futebol.
- Se lhe saísse o Euromilhões, comprava estes clubes?
- Comprar não, porque não me vejo como um Abramovich, mas ajudava o mais que pudesse.
- Qual o seu grande sonho no futebol?
- Ser cada vez melhor, ganhar títulos e ser lembrado como um grande jogador.
- E o ídolo?
- Ronaldo [o Fenómeno, agora o Gordo]. Não me canso de ver as jogadas dele.
- Qual o melhor momento que viveu na última época?
- O golo ao Sp. Braga foi especial, mas o primeiro golo que marquei com a camisola do Sporting, diante do Levski, para a Liga Europa, também foi importante.
- E o pior?
- O final da época, em que deixei de ser opção. Como já disse, contava jogar mais.
- Com que opinião ficou de Paulo Sérgio e mais tarde de José Couceiro?
- A Paulo Sérgio devo muito, pois fui para estágio à experiência e ele deu-me a oportunidade. Também gostei de Couceiro. Só que ele teve de tomar decisões difíceis para que o Sporting ficasse no 3º lugar.
- Já pensou na hipótese de jogar contra o Real Madrid na Taça do Rei?
- Era lindo. Ia ficar para a história.
- Vai fazer-se acompanhar na Corunha?
- Sim. A minha namorada vai comigo.
- Como vê a aposta do Sporting em jovens estrangeiros - Rubio e Carrillo - em vez de o fazerem consigo?
- É uma opção. A chegada de estrangeiros acaba por dificultar muito a evolução dos portugueses, mas se acham melhor assim, há que respeitar e seguir a vida.

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