domingo, 1 de maio de 2011

Entrevista Torsiglieri ao CM



CM – Que balanço faz da sua época no Sporting?
Torsiglieri - Acho que foi positiva. O Sporting deu-me a oportunidade de jogar na Europa e agora estou a fixar-me como titular. Colectivamente, não foi tão bom, porque o Sporting acabou por não se qualificar para a Liga dos Campeões e ficou longe dos objectivos que tinha. Foi uma época para aprender com os erros. Na próxima estaremos mais fortes.
- Quais as maiores dificuldades que encontrou?
- Ao princípio, não entendia bem a língua. O ritmo de jogo aqui é mais forte do que na Argentina. Demorou um pouco a integrar-me, por essas razões, pois vim de um campeonato muito diferente e não tão bom também a nível táctico.
- O Sporting sofreu muitos golos em casa e já perdeu 38 pontos na Liga. Porquê?
- Tivemos culpa própria e falta de sorte. Houve desconcentrações, devíamos ter definido jogos que estavam a correr a nosso favor, mas se calhar faltou-nos sermos mais decididos em momentos-chave dos jogos.
- Lutar para ficar em 3º lugar não é frustrante?
- É. Sentimos que tínhamos equipa para muito mais. Para ficar, pelo menos, no segundo lugar. Foi uma época em que colectivamente nem sempre fomos fortes. E perdemos jogos que devíamos ter ganho.
- Faltou experiência?
- Não. Houve desconcentrações que custaram caro e momentos em que nos desorganizámos.
- Foi titular em dois jogos que marcaram a época: a derrota (2-3) em casa com o Guimarães, depois de o Sporting estar a ganhar por 2-0, e a eliminação com o Rangers no último minuto. São exemplos da má época do Sporting?
- Foram momentos difíceis e que nos marcaram. Uma equipa como o Sporting tem de ganhar esses jogos. Falhámos colectivamente. Custou muito recompormo-nos desses momentos, quando não passava pela cabeça de ninguém que os adversários dessem a volta. Temos de assumir que as coisas não correram bem e que em jogos difíceis nunca se pode facilitar.
- Sentem-se em dívida relativamente aos adeptos?
- Sim. Temos consciência de que este grupo de trabalho tinha capacidade, de facto, para muito mais. Mas houve momentos em que jogámos bem e os resultados não corresponderam. Percebemos a tristeza dos adeptos, que é a nossa.
- O Sporting vai garantir o 3º lugar?
- Estou certo disso. O objectivo já assumido no balneário é fazer os nove pontos nos três jogos que faltam. Estamos confiantes, pois só dependemos de nós. E temos equipa para ganhar os três jogos.
– O que é que mudou com José Couceiro?
- Ele tem provado muito. Os seus esquemas são muito simples, muito claros, e nos últimos jogos tem-se visto um Sporting distinto. Talvez mais ordenado tacticamente e com mais dinâmica. Couceiro trouxe novas ideias e, tal como Paulo Sérgio, tem a preocupação de saber como estão os atletas e de falar com eles.
– Fala-se na contratação de dois centrais. Preocupa-o?
– Não. O Sporting deve manter a base. Com alguns reforços, iremos lutar pelo título. Quem está à frente na gestão do clube sabe o que é melhor, mas temos um grupo de qualidade.
– O seu compatriota Garay [Real Madrid] é apontado como possível reforço do Sporting. Gostava de jogar ao lado dele?
– Sim, nunca jogámos juntos, mas ele é muito bom jogador e pertence a uma grande equipa. Se vier, será para somar.
– Falta qualidade ao plantel?
– Não acho isso. Abanámos em certos momentos da época, que nos custaram derrotas e eliminações. E a confiança deixa qualquer equipa mais próxima da vitória. Foi um ano difícil, com muitas mudanças.
– A equipa não conseguiu pôr-se à margem?
– Temos a obrigação de estar concentrados no nosso trabalho mas, como já foi dito, era difícil passar--nos tudo ao lado.
– Como perspectiva o jogo [hoje] com o Portimonense?
- Já perdemos muitos pontos em casa e num clube como o Sporting isso é proibido. O Portimonense luta para não descer, tem objectivos, mas é um jogo para ganhar e nós não vamos facilitar. Até ao final só temos um caminho: é ficar no terceiro lugar, objectivo mínimo. É o prestígio do clube que está em causa. O presidente pediu-nos isso e temos a noção de que não se pode esperar menos de nós.
– A equipa sente-se inibida a jogar em Alvalade?
– Não. Temos o carinho dos nossos adeptos e sentimos essa força. De tanto se querer fazer bem, às vezes há precipitações. Se fizermos um campeonato normal em Alvalade, na nova época lutaremos pelo título. Não há explicação para tanto ponto perdido nesta Liga, ainda para mais em jogos que tivemos controlados. Serve-nos de lição. Ceder tanto em casa não é próprio de uma equipa que quer lutar pelo título.
– A saída de Liedson fez mossa no colectivo?
– Um clube como o Sporting tem sempre de estar preparado para as saídas e deve ter alternativas à altura. O Sporting tem-nas, como Postiga, Saleiro e Yannick. Havia que fazer mais. Mas Liedson fica ligado à história do Sporting e fez falta.
– Vai ficar no Sporting?
– Sim, essa é a minha ideia. Tenho mais para mostrar, tal como a equipa. Para a próxima época, as coisas vão ser diferentes.
– O que o leva a ter tanta confiança na nova época?
– Sentimos que as coisas estão a mudar, os jogadores estão mais alegres, e isso vê-se na melhoria da qualidade exibicional da equipa. Não vamos cometer os mesmos erros e a sorte também não nos vai virar as costas, como aconteceu contra o Rangers em Alvalade, quando fizemos uma excelente exibição e acabámos eliminados na última jogada. Custou muito.
– Já se fala do novo treinador [Domingos Paciência]?
– Esse é um assunto da Direcção.
– Que opinião é que tem da Liga portuguesa?
– É forte, muito táctica e jogada a grande velocidade. Teve uma equipa que dominou [o FC Porto] e que foi campeã com justiça.
– Tudo o que faltou ao Sporting...
– É verdade. Não fomos regulares, alternámos bons jogos com outros que não correram bem. Temos de perceber onde não fomos uma verdadeira equipa e assumir as nossas responsabilidades.

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