terça-feira, 12 de abril de 2011

Entrevista de GL ao DN

Entrevista publicada esta manhã pelo Diário de Noticías.

DN - O que fez nestas duas primeiras de trabalho para resolver os problemas financeiros do Sporting?
GL - Trabalhei e trabalho em 3 frentes: renegociar com os bancos, encontrar parceiros fora da Banca e rentabilizar o património do Clube, mesmo aquele que já foi vendido.
Para nós não é indiferente se o Alvaláxia funciona bem ou mal, queremos que funcione bem.
Estamos a rever todos os contratos existentes e a tentar encontrar novos parceiros comerciais.

DN - Vai assinar a reestruturação feita por José Eduardo Bettencourt?
GL - A nossa prioridade até final da época é fechar um novo acordo. O empréstimo obrigacionista tem de ser revisto, neste momento não podemos amortizar esses 20M €, já o Valor Mobiliário Obrigatoriamente Convertível (VMOC) é um problema para 2015/2016...

DN - É possível renegociar os juros à Banca? Cerca de 13M €/ano...
GL - É o nosso objectivo. Não garanto que o consiga fazer, é difícil. Face à situação financeira que Portugal vive, não é possível ignorar o custo do dinheiro. Estar a renegociar nesta fase não é o melhor momento, mas é indispensável fazê-lo.

DN - Qual é então a prioridade?
GL - A prioridade é reposicionar o clube no que diz respeito aos sócios. É preciso arrancar com a nova época e há investimentos significativos que têm de ser feitos. Não podemos olhar só para o lado do passivo e da Banca, temos de olhar também para os sócios, um Clube sem sócios não funciona e por isso temos de melhorar a nossa relação com eles. E para isso é necessário investir numa equipa ganhadora, com bons resultados, que os faça voltar... é um ciclo vicioso. É nossa obrigação tentar chegar aos 123 000 sócios da Era João Rocha.

DN - Garantiu um investimento de 40M € para 2011/2012. Onde vai buscar o dinheiro?
GL - Potenciando o património do Clube e fazendo parcerias na compra dos passes de jogadores e na reactivação do Fundo de 15M € que estava cancelado na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), e fazendo acordos para o investimento na compra de novos passes, com parceiros e fundos já existentes. Um fundo leva tempo a ser recolocado e tivemos de arranjar parceiros fora do País para investir na próxima época.

DN - Que tipo de parceiros?
GL - Desde o empresário do jogador que fique com percentagem do passe, a dividir direitos económicos com os Clubes vendedores. Outra solução passa por encontrar fundos existentes que queiram investir em partes de passes, e já estamos a negociar com parceiros que aceitem dividir o risco na compra de activos...

DN - E o fundo próprio...
GL - Um fundo novo faz sentido dentro de 2/3 anos. Temos de comprar jogadores e colocá-los numa montra, nacional e internacional, e valorizá-los para depois fazer mais-valias na venda. Não vamos vender jogadores à pressa para resolver o problema de tesouraria do Sporting, assim nunca construiremos uma equipa candidata ao título. Em 2011/2012 temos de estabelecer um equilíbrio entre os futebolistas já existentes da formação e os contratados e adquirir novos para colocar a equipa a jogar bom futebol e só depois pensar em vender. A não ser que haja alguém que bata a cláusula de rescisão, mas é difícil face aos valores...

DN - João Pereira pode sair por 7M €...
GL - Sim. Essa é um das questões que temos de rever. Não é possível os valores contratuais dos jogadores da formação serem tão desnivelados face aos dos contratados. O nosso objectivo é seguir um plano de carreiras, por isso queremos constituir a equipa B. Os juniores não podem ver na equipa principal um caminho para ir para o estrangeiro, queremos que seja um destino e não uma passagem.

DN - Isso implica rescindir contratos?
GL - Podemos renegociar contratos, recolocar os atletas... Na compra de um jogador podemos incluir um ou dois. Muitas vezes nem é preciso dinheiro, mas sim poder negocial. O Caicedo, por exemplo, não se adaptou aqui e está a fazer um campeonato fantástico em Espanha. A dispensa não implica necessariamente um pagamento, é uma negociação com o jogador.

DN - É aí que Carlos Freitas pode fazer a diferença?
GL - Sim. É um conhecedor do mercado. Nós entendemos que todos os jogadores têm empresários e nós respeitamos todos os agentes, mas nós é que escolhemos os futebolistas que queremos e depois contactamos os empresários deles, é diferente de estar à espera que nos venham oferecer atletas e façam o preço deles.

DN - Falando em reforços...
GL - Essa é uma área entregue ao Luís Duque e ao Carlos Freitas. Eles vêem as necessidades, encontram as soluções e depois falam comigo no que diz respeito ao investimento. É isso que tem sido feito, com calma, para garantir que cometemos a menor quantidade de erros possível. Se disser que não vou cometer nenhum erro na compra de jogadores estou a mentr, mas espero acertar 8 em 10...

DN - O relvado do estádio é um caso crítico. O sintético é uma opção?
GL - Não. O relvado não muda. A relva tem de estar o melhor possível, não pode estar mais ou menos, por isso já estamos a contratualizar a compra do equipamento de ventilação à superfície que era alugado e que vai resolver o problema.

DN - E as cadeiras do estádio?
GL - As cadeiras verdes é um fait divers, eu quero é encher o estádio. O nosso objectivo é voltar a vender gamebox na ordem dos 34 000. Estou mais preocupado em investir na equipa de futebol. Se os concertos deixarem de ser uma opção, pois só rendem cerca de 125 000€ cada e não compensa, podemos, sim, pensar em fechar o túnel, mas temos de ver se é prioritário. E neste momento a prioridade é o investimento no futebol.

DN - E a construção do pavilhão?
GL - Só queria falar do pavilhão depois de conseguir a verba necessária. Interessa-nos o finaciamento total, depois olhamos para o projecto e pensamos na execução. O valor global, já com a recuperação do multiusos, anda na ordem dos 12/13M €. Estamos a falar com a CGD, em duas semanas espero já ter essa garantia.

DN - A providência cautelar [entregue por Bruno de Carvalho no tribunal para impugnar os resultados das eleições] tem condicionado esse trabalho?
GL - Condiciona. Quem está a assinar com o Clube, seja jogador seja colaborador, virá sempre por um preço mais elevado, com uma cláusula indemnizatória mais alta em caso de rescisão contratual, com claro prejuízo para o clube...

Fonte: DN

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