domingo, 14 de agosto de 2011

Empate a abrir o campeonato

Sporting-Olhanense

O campeonato do Sporting começou bem e começou mal: o renovado leão não foi capaz de arrancar com uma vitória, empatando ontem em casa com o Olhanense, mas, ao contrário do que aconteceu tantas vezes na temporada passada, tem motivos para se sentir frustrado, tal o domínio que exerceu, em especial na segunda parte (depois da entrada de Marat Izmailov), e o número de ocasiões de golo que desaproveitou, mais do que suficientes para a reviravolta.
Faltou o mais importante, o triunfo, perdido por incapacidade na finalização e também pela inspiração de Fabiano Freitas, mas a imagem deixada ontem em Alvalade pela equipa de Domingos oferece pelo menos alguma expectativa aos adeptos verdes e brancos. E isso, atendendo ao passado recente, já não é mau de todo.
Mesmo com apenas uma asa - porque Djaló pouco mais fez do que figura de corpo presente -, o Sporting entrou em força e em velocidade, procurando um golo cedo que obrigasse o Olhanense a abdicar da estratégia conservadora. Mais ou menos evidentes, o conjunto de Alvalade criou seis lances de perigo, a maior parte através de Jeffrén (excelentes pormenores), até que, em cima da meia hora, Wilson Eduardo, extremo dos quadros leoninos, completou a segunda de... duas investidas dos algarvios em todo o encontro (!) e assinou um golo monumental.
Que naturalmente deu outro cariz à partida. Passou a ser preciso arranjar espaços pela criatividade, mas Izmailov estava no banco; passou a ser preciso ter mais dinamismo pela esquerda, mas Djaló estava em campo. E assim ficou bloqueado o jogo leonino, até aí razoavelmente fluido, aparecendo como visitas indesejadas a intranquilidade e a falta de controlo, patentes em dois cartões amarelos em exactamente dois minutos: para Jeffrén e Rinaudo.
Ao intervalo Izmailov entrou (saiu André Santos, demasiado posicional) e logo trouxe mais imprevisibilidade ao futebol do Sporting, apesar da contrariedade que foi a lesão de Jeffrén, rendido por Rubio a mais de meia hora do final da partida. Aliás, a presença do russo agitou de tal modo o corredor direito que o atento Daúto Faquirá reforçou o seu esquerdo lançando em campo Vítor Vinha.
Exactamente ao mesmo tempo, Domingos tirou o inofensivo (e assobiado) Yannick Djaló e apostou em Diego Capel, reforçando a tendência de sentido único e, embora o Olhanense e Fabiano Freitas fossem defendendo com coragem, vincando a ideia de empate a qualquer momento. Não foi aos 69' porque os algarvios tiveram 12 em campo - o assistente José Cardinal anulou um golo limpinho a Hélder Postiga, que se isolou e finalizou a passe do recém-entrado extremo contratado ao Sevilha -, mas foi aos 77', inevitavelmente por intermédio de Izmailov, num lance em que ficou explícita a inteligência que o distingue.
Sobrando ainda mais de um quarto de hora para o fim do encontro - tempo de compensação incluído -, a equipa da casa galvanizou-se. Tentando fazer o seu jogo com critério e não apenas com coração, insistiu na pressão sobre um Olhanense exclusivamente defensivo e incapaz de aproveitar o contra-ataque para criar perigo junto da baliza de Rui Patrício (ou simplesmente para conseguir respirar, algo que praticamente só conseguiu queimando tempo).
E ainda que ficando no ar a carência de alguém que conseguisse desequilibrar pelo meio - será Matías Fernández, provavelmente -, os leões só não operaram a reviravolta por simples ineficácia, palavra que aqui congrega aselhice, falta de sorte e a inspiração de Fabiano. O empate já não se desfez, acabando por ser um mal menor para um Sporting que, apesar da falsa partida, tem legítimos argumentos para se queixar das arbitragens.

+ Positivo

Jeffrén - Dinamizador do ataque leonino na primeira parte, saiu lesionado. Participou em todas as jogadas de perigo enquanto esteve em campo, arrastou adversários e também fez o que não devia. Domínio de bola excelente, sentido de oportunidade no ponto, demasiado intenso na disputa de bola, chegando mesmo a ser inconsequente, como aconteceu na dura entrada sobre Cauê, onde na minha opinião teria merecido o vermelho.
Izmailov - O médio russo, que tantas alegrias e constrangimentos deu ao Sporting nos últimos tempos, entrou tarde mas muito a tempo de fazer a diferença. Um regresso (sempre) saudado, por vezes temido, devido à condição física, mas absolutamente fantástico. Excelente exibição de Izmailov, com uma grande resposta à adversidade, e que podia, inclusive, ter sido gloriosa. Esteve muito perto de bisar e bem merecia.
Polga & Rodriguez - Foi uma das surpresas da noite, Polga ao alinhar de início com Rodríguez, ele que até há bem pouco tempo seria, no máximo, suplente. Onyewu não convenceu e ficou fora da primeira jornada por opção, Daniel Carriço cometeu demasiados erros nos últimos jogos de preparação e foi condenado ao banco. A dupla Rodriguez-Polga respondeu com uma exibição sólida, generosa e segura, apesar de o Olhanense não ter sido um adversário de peso.

- Negativo
Yannick - Muito inconsequente. Maus dominios de bola deste rapaz levam a que se percam muitas bolas através dele. Foi uma nulidade na ala, ao contrário de Jeffrén Suarez.
Postiga - Nem uma, nem duas, mas, pelo menos, três grandes oportunidades desperdiçadas pelo avançado português para empurrar a equipa para a vitória, ele que foi um dos melhores marcadores da pré-época. Teve tudo para ser bem sucedido, chegou a festejar um golo, mas estava em fora-de-jogo para o árbitro, e quem tem a vitória tantas vezes nos pés não merece perdão. 



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