sábado, 16 de abril de 2011

Godinho Lopes em entrevista ao CM



CM – Está desde 26 de Março na presidência do Sporting. Já fez o diagnóstico ao clube?
Godinho Lopes – O que fizemos até agora foi tentar reestruturar o organograma que já vinha do anterior Conselho Directivo. Estabelecer o número de pessoas e os custos para podermos preparar o orçamento da próxima época.
– Quanto é que o Sporting vai gastar?
– Por enquanto, nada posso dizer nesse sentido. Apenas digo que estamos a preparar o projecto financeiro e a promover uma política de melhor comunicação com os sócios. Felizmente, o Conselho Directivo é vasto, tem pessoas que percebem deste trabalho, que são muito profissionais.
– Quando é que vai anunciar os reforços que prometeu na campanha eleitoral?
– Estamos a fazer um trabalho com pés e cabeça. Sem precipitações. Não queremos fazer nada só para mostrar serviço. Estamos a fazer tudo como deve ser para termos uma equipa competitiva. Antes disso, temos de pensar também no que falta desta época. Muito do que temos vindo a fazer foi no sentido de aumentarmos a autoconfiança dos profissionais do Sporting. Queremos aumentar o nível competitivo neste final de temporada.
– Que Sporting espera para a próxima temporada?
- O que posso prometer é o seguinte: para o ano, o Sporting vai ter condições de lutar pelo título.
– Mas tem consciência de que para ter uma equipa competitiva vai ter de gastar muito dinheiro...
– Estamos não só a estabelecer mas a fechar objectivos traçados, negociando em várias frentes. Estamos tranquilos, porque neste grupo directivo existe competência e capacidade para obter os meios necessários para conseguirmos atingir esse fim.
– Quantos reforços é que o Sporting vai ter de contratar para atacar o título?
– Sei mas não o vou divulgar. Por enquanto, estamos contentes, dado que tem havido boas surpresas no seio do plantel. Na devida altura, esses mesmos reforços irão ser apresentados.
– Não sente que os sócios estão ansiosos?
– Podem estar tranquilos. Neste momento, divido o nosso trabalho em três frentes: uma é interna e a outra tem que ver com os jornalistas que, à falta de informação, divulgam certas notícias, que não vou explicitar. E ainda uma outra frente, a dos sócios, que divido em duas partes: uma, a dos pacientes, que confiam no esforço da Direcção; e a outra, a dos impacientes, que não se juntam à equipa porque não ganhamos.
– Como tenciona convencer os impacientes?
– Para já, a minha preocupação está centrada no futuro da equipa. Também a esses, os impacientes, posso prometer o que já disse: o Sporting vai disputar o primeiro lugar na próxima época. Se não fosse assim, tinha ficado em casa.
– Tem consciência de que o investimento feito por Benfica e FC Porto no futebol nos últimos anos foi muito avultado...
– Sei que o dinheiro é muito importante, mas só por si não chega. Basta lembrar o que acontece com o Manchester City [Inglaterra], que gasta milhões e não tem conquistado títulos. Por isso, digo que a grande vantagem deste elenco directivo do Sporting é a estrutura que já está montada. A estrutura global, aliás, é muito importante. A organização é um trunfo forte que temos.
– Benfica e FC Porto têm uma relação tensa. Como vai o Sporting dar-se com esses dois clubes rivais?
– Temos o nosso caminho e vamos segui-lo. Temos um objectivo claro, que é garantir que o Sporting volte a lutar pelo primeiro lugar. E para o conseguirmos vamos falar com empresários que possam ser úteis ao nosso projecto. Vamos também pugnar para que haja verdade desportiva no futebol português.
– Como pode o Sporting assegurar que haja essa verdade desportiva?
– Farei questão de garantir que o Sporting seja respeitado a todos os níveis, quer pelos resultados, quer pela nossa postura. E pretendemos ter uma liderança forte que nos permita alcançar os objectivos a que nos propusemos. Nesta luta, vai ser muito importante a aproximação do clube aos sócios, aos quais queremos devolver a auto-estima.
– Nas últimas eleições, houve cinco candidatos à presidência do Sporting. Tem a garantia de que vão apoiar o seu projecto?
– Terá de fazer-lhes essa pergunta. Pela minha parte, tenho tido excelentes relações com eles, no geral. Eu penso que mais importante do que tudo é o clube. Tudo o que pudermos fazer pelo Sporting é bom. Agora já não é a altura de fazer campanhas. As eleições terminaram.
– Bruno de Carvalho falou em irregularidades, e até apresentou uma providência cautelar [indeferida pelo Tribunal Cível de Lisboa, como o ‘Correio da Manhã’ noticiou ontem].
– Nunca fui citado pelos tribunais. Por isso, aguardo pela análise que possam fazer ao caso.
– Um bom resultado no Estádio do Dragão, frente ao FC Porto, seria crucial para a recuperação psicológica dos jogadores, que já mencionou?
– Todos os bons resultados contam. Mas é claro que uma vitória frente a um grande tem sempre mais sabor. O trabalho está a ser feito e não pode haver outro espírito que não seja o de tentar a vitória em qualquer campo.
– Vai sentar-se ao lado de Pinto da Costa na tribuna presidencial do Estádio do Dragão?
– Claro que sim. Não há motivo algum para não ocupar o meu lugar no recinto do FC Porto.
– Tem a seu lado muitas figuras históricas do Sporting, casos de Moniz Pereira e Manuel Fernandes. Também chamou Luís Duque e Carlos Freitas, os quais já foram campeões no Sporting...
– Isso é essencial. O Sporting tem uma academia de futebol e queremos que saiam de lá verdadeiros jogadores, equipas à Sporting. Essas pessoas vão ajudar os miúdos a aumentar a auto-estima e o orgulho de serem sportinguistas. Estamos a transmitir-lhes não só capacidades técnicas como também humanas.
– Em relação à actual equipa, vai ser necessário fazer muitas mexidas para que em 2011/12 seja mais competitiva?
– Temos no plantel jogadores de grande capacidade que não estavam ao melhor nível. A melhor prestação que estão agora a ter é boa para eles e para o clube.

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